Sloterdijk e a noção de subjetividade por tensões verticais

Autores

  • Maurício Fernando Pitta Universidade Federal do Paraná

Resumo

Esse artigo busca explicitar a compreensão filósofo alemão Peter Sloterdijk sobre o conceito de subjetividade. Operando uma crítica ao humanismo e abdicando da pressuposição de uma natureza humana, Sloterdijk nega, ao mesmo tempo, acepções que guiam a subjetividade pelas noções de indivíduo e autonomia. Para ele, a subjetividade encontra-se na relação entre dois indivíduos, operada por um vetor vertical de tensão, isto é, um modelo de conduta imanente a relação que serve, por instrução hierárquica de um indivíduo para o outro, como autoridade para a desinibição da atuação no interior de um espaço híbrido de intimidade. Portanto, ela não pode se resumir à atuação independente de um indivíduo, nem à autonomia de um sujeito participante de uma universalidade transcendental. Para articular isso nesse artigo, primeiramente exibimos, a partir de uma obra do filósofo francês Alain Renaut, o que se compreende por subjetividade como individualidade e autonomia, obra em que o conceito de sujeito é separado do de indivíduo; posteriormente, mostramos brevemente a crítica de Sloterdijk ao humanismo (e, portanto, à noção de subjetividade como autonomia); e, por fim, discorremos sobre algumas das considerações de Sloterdijk acerca da subjetividade, expostas em Im Weltinnenraum des Kapitals e Du mußt dein Leben ändern.

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Biografia do Autor

Maurício Fernando Pitta, Universidade Federal do Paraná

Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmente, pesquisando autores da filosofia da diferença, da cosmopolítica e do perspectivismo ameríndio que fornessem um contraponto à esferologia de Sloterdijk. E-mail para contato: mauriciopitta@hotmail.com

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Publicado

2019-07-05

Edição

Seção

Artigos