Para uma genealogia da Aufklärung: Foucault leitor de Nietzsche e de Kant
Resumo
O artigo expõe alguns aspectos da leitura foucaultiana a respeito da Segunda extemporânea de Nietzsche e sua relação com a genealogia tal como Foucault a compreende e pratica. Também são levantadas algumas críticas à leitura de Heidegger sobre o referido texto de Nietzsche, demonstrando como suas denúncias metafísica e antropológica resultam, antes, de compromissos metafísicos e antropológicos aos quais o próprio Heidegger manteve-se preso malgré lui. Retomando a leitura foucaultiana, buscamos demonstrar como o conceito nietzschiano de “extemporaneidade” (Unzeitgemäßheit) serve como ferramenta conceitual para uma interpretação genealógica da Aufklärung kantiana, tal como problematizada em seus últimos textos em que Foucault formula o oximoro “ontologia do presente”, produzindo um inusitado encontro entre Kant e Nietzsche. Por fim, apresentamos algumas das implicações ético-políticas dessa leitura.
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