O despotismo na América: uma arqueologia do governo e da glória em Tocqueville e Agamben
Resumo
na descrição tocquevilliana da democracia americana, surge um paradigma investigativo privilegiado para elaborarmos uma arqueologia do governo biopolítico nas democracias ocidentais hodiernas. Tal intento, que norteará este artigo, poderá trazer luzes a pergunta de La Boétie, que ocupa alguns séculos de filosofia política, a qual seja, procurar saber como esse desejo teimoso de servir se foi enraizando a ponto de o amor à liberdade parecer coisa pouco natural. Convém examinarmos mais detidamente na obra de Tocqueville as relações que podemos traçar entre condições sociais fundamentais e consequências biopolíticas decorrentes. Isso será feito em estreita relação com a filosofia de Giorgio Agamben, que igualmente ocupa-se em perguntar as razões pelas quais, nos limiares da Idade Moderna, a vida natural começa, por sua vez, a ser incluída nos mecanismos e nos cálculos do poder estatal, e a política transforma-se em biopolítica. Tal investigação será empreendida a partir da relação entre a descrição tocquevilliana da democracia na América, bem como o desenvolvimento de muitas teses ali apresentadas, pelo filósofo italiano Giorgio Agamben.
Palavras-chave: estado de exceção; biopolítica; despotismo; Tocqueville; Agamben.
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