A mulher e suas trancas
Abstract
Beauvoir escreve sobre o paradoxo da situação da mulher, em 1949: “elas pertencem ao mesmo tempo ao mundo masculino e a uma esfera em que esse mundo é contestado; encerradas nessa esfera, investidas por aquele mundo, não podem instalar-se em nenhum lugar com tranquilidade”. (BEAUVOIR, 2016, p. 407). O presente texto pretende trabalhar as formas em que a mulher se encerra, através de textos de Virgínia Woolf e Elena Ferrante, a fim de perguntar: qual o lugar da escrita para uma libertação da mulher? Mulheres que escrevem precisam de um teto todo seu, dinheiro e uma tranca na porta. É desse modo que Virgínia Woolf trata esses dois assuntos: mulheres e ficção. Beauvoir e Woolf questionam a verdadeira natureza da mulher e sua situação. Elena Ferrante descreve uma personagem que fica presa em seu apartamento com seus filhos e um cachorro durante dias, enlutada e angustiada. Ela tem seu espaço próprio, mas não tem autonomia, sem poder cuidar de si para cuidar do outro, sucumbe à experiência de estar presa e ousar pedir por ajuda para abrirem a porta. A mulher casada, a mãe, a vida social, são capítulos também da segunda parte de Situação da mulher no livro O Segundo Sexo de Simone de Beauvoir. De forma complementar à discussão do encerramento da mulher, traremos ao debate um clássico da literatura feminista: O papel de parede amarelo, a história de uma esposa fragilizada levada a uma casa de uma fazenda onde deveria se recuperar de um quadro supostamente depressivo e encontra, pelo contrário, encontra um cenário de estranheza.
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