O filósofo-cão contra a domesticação da existência: biopoder, cinismo e resistência em Michel Foucault
Abstract
Este artigo articula dois momentos do pensamento de Michel Foucault: a reflexão sobre o biopoder durante a segunda metade da década de 1970 e a análise do cinismo empreendida em 1984, no curso A coragem da verdade (1984). Com essa análise, que perpassa distintos momentos do pensamento de Michel Foucault, não pretendemos compreendê-lo em sua totalidade, muito menos explicá-lo, mas ligar distintos pontos de um mesmo pensamento, através de uma noção que os perpassam: a vida, pensando-a em dois momentos: primeiro como um campo de aplicação de um poder produtivo; segundo como o resultado de uma arte, de uma técnica cínica de constituição do sujeito por si, que inverte os parâmetros da verdade e estabelece a necessidade de criar outra vida, para que outro mundo seja possível. Analisando esses dois momentos do pensamento de Michel Foucault, em que a noção de vida aparece com distintas conotações, este artigo defende que o cinismo é para Foucault uma filosofia da resistência que o permite pensar maneiras de lutar contra o biopoder, tanto em sua face biopolítica, como em seu aspecto disciplinar.
Palavras-chave: Biopoder; Resistência; Cinismo; Biopolítica.
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