Sartre e o escritor como intelectual
Résumé
Em 1965, no Japão, Sartre realiza uma série de três conferências dedicadas ao tema do intelectual (publicadas, no Brasil, como Em defesa dos intelectuais). De início, trata-se de estabelecer os contornos de uma definição e de seu papel, a partir, em especial, da compreensão do intelectual como sendo a quase síntese de uma estrutura contraditória: a universalidade do saber prático de onde ele parte, como cientista, e o particularismo da ideologia de classe que o constituiu e formou. A partir desse escopo, na terceira de suas conferências, Sartre se pergunta se o escritor (literato) também seria um intelectual, isto é, se também nele a contradição que origina o intelectual está presente. Nesse ensaio, pretendemos mobilizar os elementos que constituem a questão e procurar elucidar a resposta sartreana. Para tanto, procuraremos apresentar uma leitura cruzada da terceira conferência de 1965 com o texto Que é a literatura?, de 1947. Trata-se, assim, de verificar semelhanças e avanços entre os dois trabalhos e discutir a tese de que o escritor é, diferentemente dos demais intelectuais que assumem essa função por acidente, um intelectual por excelência.
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